"OS MARCHETEIROS DO CENTRO JUVENIL DE POXORÉO"

A marchetaria é uma técnica de arte há muito desenvolvida no centro juvenil. Já ganhou destaque nacional em vários veículos de comunicação, conforme se pode conferir na reportagem abaixo.

Um raro estilo de arte em Paraty

Uma história de talento e perseverança. Eles vieram de uma cidade distante, cravada no coração do Brasil, e praticam um estilo de arte muito raro nos salões de artes plásticas. Djalma dos Santos, Paulo Vicuña e Marco Antonio Pereira, Os Marcheteiros de Poxoréo, abriram ontem uma exposição em Paraty. Quatorze obras de marchetaria clássica e moderna (quadros, móveis e porta-jóias) podem ser vistas até quinta-feira, na Galeria da Pousada Brasil. A marchetaria é entendida como a arte de ornamentar as superfícies planas de móveis, painéis, pisos, tetos, pela aplicação de materiais diversos, tais como madeira, metais, pedras, madrepérola, marfim e chifres de animais, tendo como principal suporte a madeira. Os primeiros registros conhecidos, incrustações em mármore, foram encontrados em Halicarnasso, no Palácio do Rei Mausole (aproximadamente 350 a. C.). Após o desmembramento do Império Romano, este meio de expressão artística esteve a ponto de perder-se. Entretanto, alguns poucos fizeram com que subsistisse na Itália, difundindo-se no início do século 14, principalmente na região da Toscana. As técnicas de corte e o ferramental evoluíram, possibilitando assim que o corte das madeiras pudesse ser feito de uma nova maneira com serras mais eficientes. Isto permitiu o corte de traços sinuosos com muita precisão e assim um maior detalhamento e maior nitidez de motivos complexos. A partir de 1600, a Itália influenciou a difusão da marchetaria com técnicas mais evoluídas, possibilitando detalhes cada vez mais minuciosos. É nesta época que surgiu na Alemanha a Tarsia a Incastro (recorte simultâneo das partes a serem montadas), onde cada cor da obra de arte é composta por uma madeira diferente. Essa técnica foi ensinada no Brasil pelo mestre Luigi Galimbert, da cidade de Treviglio, um dos mais respeitados marcheteiros italianos. Em Poxoréo, no Mato Grosso, mestre Luigi Galimbert fundou a primeira escola de marchetaria clássica, possivelmente a única da América Latina. Foi montada em 1990, no Centro Juvenil Salesiano de Formação Profissional, com apoio dos missionários italianos. A escola mudou a rotina de muitos jovens da cidade de Poxoréo, que em décadas passadas foi conhecida como a Capital do Diamante, pela quantidade e qualidade de suas pedras. Com a queda da atividade garimpeira, a marchetaria tornou-se atividade profissional para muitos jovens, construindo mais do que uma profissão, um estilo de vida.TALENTOSOS - Djalma dos Santos, Paulo Vicuña de Oliveira e Marco Antonio Pereira foram alunos do mestre Luigi e hoje são reconhecidos como Os Marcheteiros de Poxoréo. A exposição que abriram em Paraty é uma notável demonstração de talento nesta arte milenar tão rara. “Para montarmos este quadro com a imagem de Paraty antiga, por exemplo, usamos 11 tipos de madeira. Pinho, ébano, rádica e várias outras. Algumas são do Pantanal, outras vieram de longe para compor a tonalidade da obra”, explica Djalma. No mês passado, Djalma dos Santos, 33, foi campeão do concurso matogrossense de “design” de artesanato, promovido pelo Senai-MT, com a peça Bagerê. Uma caixa porta-jóias marchetada com motivos abstratos, que também está exposta em Paraty. A redescoberta da marchetariaPara Paulo Vicuña de Oliveira, de 34 anos, a marchetaria está sendo redescoberta. Ele diz que atualmente existem na Europa, América do Norte e Austrália muitos ateliês de marchetaria e associações de marcheteiros dispostos a não somente manter as antigas tradições da arte em madeira com refinadas criações artísticas de caráter contemporâneo, mas também a restauração de obras antigas. “Ao longo do ano são realizadas várias exposições e há um mercado já consolidado neste campo em diversos países”, explica o artista. Marco Antonio diz que as peças produzidas para a exposição foram feitas em seis meses de trabalho. - Escolhemos os motivos em conjunto. São animais do Pantanal, motivos religiosos e uma homenagem ao Rio antigo. Enquanto um cortava e montava, outro já estava dando o acabamento e outro quadro já estava sendo iniciado. Foi um ritmo veloz - conta. Os Marcheteiros de Poxoréo ficam na região até quinta-feira. “Podemos voltar, tanto para marchetar um iate quanto para oferecer um curso de marchetaria, vai depender das oportunidades”, afirma Djalma. Vale a pena conhecer a marchetaria destes jovens talentosos. Serviço• Os Marcheteiros de Poxoréo - Djalma Alves dos Santos, Paulo Vicuna de Oliveira e Marco Antonio Pereira. Quatorze obras de marchetaria clássica e moderna (quadros, móveis e porta-jóias). Até quinta-feira, de 8 às 20 horas, na Galeria da Pousada Brasil. Rua Pedro Álvares Cabral, s/nº, Jabaquara, em Paraty. Informações: (24) 3371-1081 e (24) 3371-4017. Ou:http://www.paraty.com.br/brasil

Fonte: Diário On Line:Caderno Lazer & CIA
Divulgação: Nides Freitas
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