EXEMPLO DE SUPERAÇÃO....

Por: Juscilene Vieira de Souza

Em matérias já veiculadas no blog sempre afirmamos que o poxoreense é acima de tudo um forte, um guerreiro, pois tem sangue nordestino correndo nas veias.

Como exemplo dessa garra e superação, trazemos hoje a história de Sandro Rogério, o “Sandro Barata”, como é conhecido entre os amigos. Lembro-me do Sandro, rapaz cheio de vida, saúde, que na sua infância e adolescência era participante ativo das atividades do Centro Juvenil e dos Troféus da Juventude.

Em busca de melhores expectativas e de um curso superior, Sandro veio morar em Cuiabá, onde trabalhava como vendedor externo de uma distribuidora de bebidas e fazia bicos como eletricista. Dos recursos que recebia, Sandro sempre ajudou financeiramente sua mãe Suely, diante das dificuldades da família. Sempre acompanhei de perto a sua luta e de sua mãe, minha amiga desde o tempo em que eu trabalhava no Fórum de Poxoréu.

No dia 31/05/2004, quando se deslocava até a cidade de Poconé/MT, onde efetivaria as vendas, pilotando uma motocicleta Yamaha/YBR, 125 X, sofreu gravíssimo acidente, vindo a colidir frontalmente com uma árvore. Na época foi encaminhado ao Hospital Jardim Cuiabá, onde foi internado na UTI com o seguinte quadro, (conforme laudo médico) “trauma crânio-encefálico grave, com hemorragia intracraniana difusa, hemosinus, fratura frontal direita, evoluindo com afasia e hemiparesia com espasticidade à direita”.

Em virtude da gravidade das lesões, chegou a ser desenganado pelos médicos. Lembro-me que pediu a um neurologista amigo, Dr. Pedro Miranda, para que fizesse uma visita e avaliasse a situação do Sandro, tendo este me afirmado que as chances de sobrevivência eram remotíssimas.

Após vários meses de internação Sandro demonstrou ser um guerreiro e milagrosamente sobreviveu. Ficou com seqüelas neurológicas e fisioterápicas graves, perdendo grande parte da memória e necessitando da ajuda de outras pessoas para as necessidades essenciais ao ser humano. Voltou a morar em Poxoréu com sua mãe Suely.

Sandro necessitava tomar medicamentos contínuos, de custo elevadíssimo (quase mil reais), fora do alcance do poder aquisitivo de sua mãe, servidora do Fórum de Poxoréu. Por essa razão, a cada dia mais perdia a memória, os movimentos e o risco de ter convulsão era freqüente. Através de uma decisão da Justiça do Trabalho que lhe antecipou os efeitos da tutela, Sandro teve garantido o seu direito à saúde e à dignidade humana. A empresa foi compelida a todo mês depositar os valores necessários para a compra do medicamento, bem como a arcar com o combustível para que ele possa se deslocar às cidades de Rondonópolis e Primavera do Leste, onde busca tratamento médico e fisioterapêutico.

Essa decisão mudou sua vida e os resultados foram visíveis. Hoje Sandro está recuperando gradativamente a memória, recordando-se de alguns fatos e pessoas; os movimentos ainda estão muito lentos, mas tende a melhorar com o tratamento fisioterápico. Hoje, ele está totalmente impossibilitado para o trabalho e a família ainda passa por grandes dificuldades, como diz sua mãe Suely, “minha vida mudou muito de três anos para cá”.

Sandro jogava futebol na equipe do Mestre Armando, que disputava o troféu da juventude, sendo freqüentador assíduo do Centro Juvenil. Quando de sua última visita a Poxoréu, mestre Armando fez questão de visitá-lo em sua casa e levar o seu apoio. Segundo sua mãe, ele sempre gostou muito do Mestre, e quando aconteceu o acidente, ela chegou até a enviar uma carta para o Mestre Armando.

Hoje vai ao Centro Juvenil de vez em quando assistir futebol, “quando os amigos o levam” afirmou sua mãe. O apoio, dedicação e carinho dos amigos nunca faltou a Sandro, pois nos momentos de agruras e dificuldades sempre pode contar com seus verdadeiros e leais amigos.

Segundo sua mãe Suely, o seu maior sonho é poder comprar um computador para que o Sandro possa exercitar os movimentos e a memória e também uma bicicleta para fazer os exercícios de fisioterapia, entretanto, as dificuldades financeiras não lhe permitem realizá-lo.

Que Deus o abençoe, meu amigo, e se ele lhe permitiu continuar vivendo é porque ainda lhe reservou muita coisa boa.

Peço aos amigos e à comunidade do Centro Juvenil que continuem orando pela sua recuperação.

Cila.